Com apenas R$ 1 mil de custo, uma propriedade rural de assentamento agrário de Ortigueira implanta projeto de saneamento, para servir de referência na região de Londrina.
A destinação dos dejetos humanos e domésticos, aliada a falta de água potável são as principais preocupações do serviço oficial de extensão rural Emater ao organizar sua atuação na promoção da qualidade de vida dos agricultores familiares.
No Assentamento do Incra “Libertação Camponesa”, em Ortigueira, as 406 famílias já podem adotar em suas pequenas propriedades rurais o saneamento doméstico, utilizando como referência o sistema implantado na última sexta-feira, dia 3, no Sítio Vitória, de Agenor Luza.
Ao ocupar seus 14,4 hectares em 1997, a família Luza nem pensava no saneamento doméstico. Queria sim viabilizar a renda, implantando atividade leiteira e ocupando a propriedade com cultivos e criações de subsistência. Atualmente tem 31 cabeças de gado misto, nove em lactação, produzindo para o rebanho uma área cana e de pasto e alimentando os seis membros familiares com a produção de milho, feijão, aves e frutas.
Para aumentar a qualidade da produção leiteira, exigência do Projeto de Leite Vitória, implementado pela Emater no Norte do Paraná, Luza viu que deveria cuidar da sanidade familiar e recebeu seus primeiros estímulos durante as excursões municipais feitas na Via Rural Fazendinha, na Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, onde viu na unidade didática de preservação ambiental o sistema de fossa biodigestora.
Em julho deste ano a Emater local fez o projeto no valor de R$ 1.027,00 para a família, que apresentou ao Incra para obtenção de financiamento visando a implantação da fossa biodigestora, concluída neste início de mês. Em março, fez com recursos próprios, “gastando pouquinho” a proteção da mina d´água. Ambos serão usados pela Emater na difusão tecnológica de promoção da qualidade de vida dos agricultores familiares do assentamento e demais agricultores familiares interessados.
“Aqui na propriedade está o resfriador comunitário que recebe a produção leiteira das famílias do assentamento e elas podem, de agora em diante, conhecer o nosso saneamento rural e quem sabe conseguir recursos para financiar o projeto tanto da fossa biodigestora como da mina protegida”, assegura entusiasmado o agricultor Agenor Zula.
A tecnologia da fossa séptica biodigestora implantada no assentamento em Ortigueira, segunda a pedagoga Joana de Brito, extensionista da Emater de Mandaguaçu, foi desenvolvida pela Embrapa e elimina a tradicional fossa negra, que contamina o lençol freático. Utiliza as fezes humanas captadas do banheiro doméstico e sem mistura com detergentes, no processamento de adubo orgânico e gás metano, esgotado no período de 30 a 40 dias.
A apresentação e a condução desta unidade referencial são de responsabilidade técnica da extensionista assistente social Genny Seifert, da Emater de Londrina e do engenheiro agrônomo Ildefonso Rogério Cruz Haas, convênio Ates da Emater, Fundação Terra e Incra.
Para o gerente regional da Emater de Londrina, engenheiro agrônomo Ildefonso José Haas, “a metodologia da unidade referencial permite mostrar a intervenção tecnológica direta na realidade da pequena propriedade rural e faz com que o agricultor familiar possa debater com especialistas a adoção do tema, neste caso o saneamento rural e assim ter condições de melhor decisão, seja ela no foco social, econômico e ambiental”.
(Sérgio Henrique Schmitt/Asimp/Emater)